quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Duas palavras, de Goffredo da Silva Telles Junior

Para Goffredo Telles, todas as matérias estudadas em um curso de Direito versam uma só disciplina, que é a Disciplina da Convivência Humana.
Ele aponta para a diferença entre explicar e compreender, sendo que explicar um objeto é revelar os nexos  que o prendem aos objetos de que ele depende diretamente, dizer o que ele é, enquanto compreender é saber saber o que vale um objeto, o que ele vale, confrontar o que ele é versus o que ele deve ser, julgando-o.
Segundo o autor "simples explicações são absolutamente insuficientes para revelar o Mundo Ético. Para conhecer o Mundo Ético, o Mundo Moral, o mundo do comportamento humano, é preciso compreendê-lo". O mundo físico pode ser explicado, enquanto o mundo ético deve ser compreendido.
O papel do filósofo do Direito é não se restringir a explicar a ordem jurídica, mas se empenhar em compreendê-la.
Numa metáfora bastante feliz, o mestre diz que a lei tem letra e espírito, corpo e alma, e que para o jurista a lei não pode se esgotar em sua letra, resumir-se ao seu corpo, mas deve sim desvendar seu pensamento, sua intenção, entender sua alma.
Existe uma lógica do jurista, que é aprendida pelo estudo da filosofia do direito, e que permite a correta interpretação da lei, a mais razoável, justa e humana solução, visto que a lógica do jurista não se baseia na racionalidade, mas na razoabilidade.
Esse é o papel do verdadeiro jurista, que não pode prescindir da filosofia do direito sob o risco de não passar de um simples técnico do Direito. Finaliza Telles dizendo que o bacharel se promove a jurista quando passa a contemplar a ordem jurídica  em seu todo, passa a interpretar a lei com a lógica do jurista.

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